Odete Roitman sabotou carro e matou Leonardo em 'Vale Tudo' (1988)

Odete Roitman sabotou carro e matou Leonardo em 'Vale Tudo' (1988)

Quando Odete Roitman, a temida matriarca da família Roitman interpretada por Beatriz Segall, decidiu armar uma sabotagem que acabou tirando a vida de Leonardo Roitman, o irmão gêmeo de Heleninha, ficou clara somente durante a reunião final da TCA – Tropicaliente Comunicação e Arte. A revelação mudou para sempre a percepção dos telespectadores sobre a trama original de Vale Tudo, exibida em 1988.

Contexto da trama original

Na primeira versão da novela, lançada em 22 de maio de 1988, a família Roitman era o retrato de poder e crueldade. Heleninha, vivida pela aclamada Renata Sorrah, carregava nos ombros o peso de um passado sangrento que ainda não havia sido revelado ao público. O irmão gêmeo, Leonardo, nunca chegou às telas: sua presença era sentida apenas em diálogos que sugeriam um trauma familiar ainda latente.

Detalhes do acidente e da sabotagem

O que se deu a conhecer anos depois foi que o acidente não foi fruto do azar. Segundo o roteiro original, Odete planejou a destruição do carro que deveria ser conduzido por Marco Aurélio, personagem interpretado por Reginaldo Faria. O objetivo era eliminar um rival nos negócios da família. No entanto, o plano saiu dos trilhos: o veículo acabou sendo dirigido por Odete mesma, e o impacto matou Leonardo instantaneamente.

A sabotagem consistia na remoção estratégica da válvula de segurança do sistema de freios, algo que só alguém com conhecimento mecânico avançado poderia executar. A trama nunca detalhou quem teria ajudado Odete a mexer no carro, mas a presença constante da empregada Ruth, interpretada por Zilka Salaberry, sugere que ela poderia ter sido cúmplice involuntária – ao menos, foi quem mais tarde trouxe à tona a verdade.

Revelação na reunião da TCA

A virada de chave aconteceu em 12 de dezembro de 1988, quando a produção encenou uma coletiva fictícia na TCA – Tropicaliente Comunicação e Arte. Na sala, estavam presentes Heleninha, Marco Aurélio, Tiago (personagem de Fábio VillaVerde), Afonso (Cássio Gabus Mendes) e, claro, Odete Roitman. Raquel, vivida por Regina Duarte, chegou acompanhada da babá Ruth.

Assustada com a presença de Ruth, Odete tentou acionar os seguranças, mas Afonso interveio. Foi então que Ruth, com voz trêmula, explicou que o motorista do carro que colidiu era, na verdade, Odete, não Leonardo nem Marco Aurélio. Ela ainda revelou que Odete havia provocado o incêndio na casa de Angra dos Reis – outro evento que havia sido atribuído a Heleninha. O choque foi imediato: Heleninha desabou em prantos, percebendo que sua vida inteira fora construída sobre mentiras.

Impacto sobre Heleninha e a família Roitman

Impacto sobre Heleninha e a família Roitman

O peso da culpa injusta havia alimentado o alcoolismo de Heleninha durante quase dez anos. Ao descobrir que sua própria mãe manipulou a verdade para mantê-la submissa, o ciclo de autodestruição se intensificou. A perda da guarda de Tiago, entregue a Marco Aurélio, foi justificada pelos roteiristas como consequência direta das duas tragédias (o acidente e o incêndio) que Heleninha havia sido conveni­da a carregar.

Além do trauma pessoal, a revelação mexeu com a dinâmica de poder na novela. Odete, que até então era vista como a vilã maquiavélica, passou a ser percebida como uma estrategista cruel capaz de sacrificar o próprio filho para proteger seus interesses. Esse detalhe aprofundou o arco de redenção – ou falta dela – de vários personagens, incluindo Marco Aurélio, que passou a receber mais simpatia do público por ser, ironicamente, a segunda vítima da trama.

Consequências para a narrativa de Vale Tudo

Embora Leonardo nunca tenha tido cenas gravadas, sua morte tornou‑se um ponto de referência para discussões sobre manipulação familiar nas novelas brasileiras. Críticos apontam que a escolha de esconder o assassino até o último capítulo reforçou a tese de que o poder feminino, quando exercido de forma absoluta, pode ser mais perigoso do que o vilão típico masculino.

Além disso, a forma como a TCA foi usada como palco da confissão adicionou uma camada meta‑narrativa: a própria produção, através da “sala de conferências”, revelou ao telespectador os bastidores de mentiras dentro da história. Essa estratégia acabou influenciando produções posteriores, como “A Próxima Vítima” (1995) e “O Clone” (2001), que também optaram por momentos de revelação coletiva.

Key Facts

  • Data de exibição original: 22/05/1988.
  • Personagem morto sem aparecer: Leonardo Roitman.
  • Sabotagem planejada por: Odete Roitman.
  • Revelação feita por: Ruth (Zilka Salaberry).
  • Local da confissão: Sala de conferências da TCA em Rio de Janeiro.
Frequently Asked Questions

Frequently Asked Questions

Por que Leonardo nunca apareceu na tela?

A produção decidiu que o impacto da morte de Leonardo seria mais forte se o personagem permanecesse invisível, permitindo que a família Roitman reagisse ao trauma sem a presença física do irmão.

Qual era o real alvo da sabotagem de Odete?

O plano visava o carro de Marco Aurélio, que representava uma ameaça aos negócios da família. Quando o plano saiu do controle, o veículo acabou sendo conduzido por Odete e resultou na morte de Leonardo.

Como a revelação afetou Heleninha?

Heleninha ficou devastada ao descobrir que sua mãe manipulou toda a sua vida. O choque intensificou seu alcoolismo e justificou a perda da guarda de seu filho Tiago, que foi entregue a Marco Aurélio.

Qual foi a importância da reunião na TCA?

A reunião serviu como o ponto culminante da trama, permitindo que Ruth expusesse a verdade perante todos os personagens principais, desmascarando Odete e alterando permanentemente a dinâmica da família Roitman.

A sabotagem influenciou novelas posteriores?

Sim. Críticos apontam que a estratégia de revelar um grande segredo durante uma conferência inspirou narrativas de “A Próxima Vítima” (1995) e “O Clone” (2001), que usaram cenas semelhantes para impactar o público.

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3 Comentários

  1. Thais Xavier Thais Xavier

    Odete Roitman sempre foi a rainha do cálculo frio, mas esse detalhe de ela mesmo estar ao volante evidencia que a novela adorava transformar sacrifício em espetáculo. Quando a trama revela que o carro sabotado acabou sendo conduzido por quem armou a cilada, o público sente o gosto amargo de uma justiça que nunca chega. É como se o drama da família fosse um labirinto sem saída, onde cada passo é planejado para esmagar quem ousa questionar.

  2. Elisa Santana Elisa Santana

    Olha, não dá pra negar que a revelação mudou tudo que a gente achava que sabia sobre os Roitman. A mãe que se achava intocável acabou se expondo, e isso deixa a história ainda mais real pra gente que acompanha. Apesar de tudo, ainda dá um orgulho ver o drama brasileiro ainda tão bem amarrado.

  3. luciano trapanese luciano trapanese

    A trama mostra como o poder pode corromper até quem deveria ser a âncora da família. Quando Odete decide eliminar um rival e acaba sacrificando o próprio filho, a mensagem é clara: a ambição cega tudo. Isso serve de alerta pra quem pensa que violência e manipulação são caminhos fáceis para o sucesso.

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