
Na noite de 24 de setembro de 2025, o Mineirão foi palco de um dos momentos mais emocionantes da temporada sul-americana. Atlético Mineiro viu o placar mudar nos últimos minutos e, com um cabeceio de Bernard, garantiu a vaga nas semifinais da Copa Sudamericana. O duelo contra o Bolívar, de La Paz, tinha tudo para ser um teste de fibra, e acabou se transformando em um filme de suspense até o apito final.
Segundo jogo decide vaga
Depois de empatar em 2 a 2 na primeira partida disputada a 3.600 metros de altitude, os recursos táticos e a paciência foram os grandes protagonistas do segundo confronto. O treinador Jorge Sampaoli chegou ao Mineirão ciente de que precisava controlar o ritmo, mas também buscar a brecha na defesa boliviana, que havia se mostrado compacta e disciplinada.
O primeiro tempo foi quase uma continuação da primeira partida: o Atlético manteve a posse de bola, circulou bem pelos flancos e tentou abrir espaços com passes curtos. Gustavo Scarpa, sempre incisivo, foi quem gerou as oportunidades mais perigosas, cruzando a bola com precisão e buscando os atacantes que corriam em direção à área.
Um detalhe que passou despercebido por muitos torcedores foi a substituição precoce de Alexsander por Bernard, aos 19 minutos. A mudança trouxe mais mobilidade ao ataque e, embora o gol ainda não surgisse, o posicionamento do centroavante começou a criar confusão entre os zagueiros do Bolívar.
O segundo tempo trouxe mais pressão. O goleiro Carlos Lampe fez defesas fundamentais, especialmente um reflexo incrível ao desviar um chute de Vítor Hugo que parecia certo. Enquanto isso, o Mineiro ainda não conseguia romper a muralha defensiva do Bolívar, que se mantinha compacta e utilizava bem o espaço entre linhas.
- 74' – Scarpa abre parte da defesa com um cruzamento na ponta da área, porém a bola passa por cima do cabeceio de Bernard.
- 82' – Cauteruccio quase abre o placar para o Bolívar com um chute de fora da área que vai por cima do travessão.
- 87' – O árbitro marca um pênalti controverso contra o Mineiro, mas o lance é barrado após revisão de VAR.
Com a partida chegando ao fim, a tensão aumentava. O público, que até então criava um clima de apoio silencioso, começou a gritar cada vez que o Atlético se aproximava da área. O momento decisivo chegou nos acréscimos.
Aos 90 minutos, Scarpa recebeu a bola no lado direito, avançou em velocidade e, com um toque preciso, encontrou Bernard livre na pequena área. O atacante, sem hesitar, cabeceou firme e enviou a bola ao fundo da rede. O estádio explodiu, a torcida vibrou e o árbitro, já a poucos segundos do apito final, confirmou o gol que selou a classificação.

Desempenho de Bolívar e lições para o Mineiro
Para o Bolívar, a derrota foi amarga, mas não deixa de ser um exemplo de superação. Na partida de ida, a equipe boliviana conseguiu reverter um 2 a 0 em 45 minutos, mostrando que a altitude pode ser um trunfo quando bem explorado. Na volta, embora tenha defendido bem, acabou cedendo ao cansaço e à pressão nos últimos minutos.
Os principais nomes de La Paz, como Leonel Justiniano e Martín Cauteruccio, mostraram comprometimento e resistência. Justiniano, em especial, se destacou na marcação, interceptando passes e garantindo que o ataque argentino não criasse muitas chances claras.
Do lado do Mineiro, a partida revelou alguns pontos a ajustar antes da semifinal. Primeiro, a dificuldade de transpor a bola em áreas densas: apesar de dominar a posse, o time ainda encontrou resistência para fechar o último passe. Segundo, a necessidade de praticar jogadas ensaiadas de bola parada – Scarpa já provou ser perigoso, mas ainda falta precisão nas finalizações.
Entretanto, a vitória de última hora reforça a ideia de que o grupo tem sangue frio. A confiança de Sampaoli será crucial para a próxima fase, onde o nível de competição só aumenta. Jogadores como Vítor Hugo, que ainda busca marcar, e o experiente Larghi, que tem contribuído no meio-campo, deverão ser pilares no caminho rumo ao título.
Com a vaga garantida, o Atlético Mineiro agora volta os olhos para o adversário da semifinal, ainda não definido, mas que certamente trará um desafio de peso. O que permanece claro é que a combinação de experiência, força física e momentos de criatividade, como o cruzamento de Scarpa, será o carro-chefe para avançar ainda mais na Copa Sudamericana.